Programa Mineração para Energia Limpa quer desenvolver a indústria e aumentar conhecimento geológico

Seminário sobre minerais estratégicos para a transição energética foi realizado pelo Ministério de Minas e Energia

Por Conexão Mineral 28/02/2024 - 10:32 hs
Foto: SGB
Programa Mineração para Energia Limpa quer desenvolver a indústria e aumentar conhecimento geológico
Nos dois dias foram abordadas oportunidades da transição energética para a mineração brasileira

Nos dias 21 e 22 de fevereiro, ocorreu o seminário intitulado “Mineração e Transformação Mineral de Minerais Estratégicos para a Transição Energética”, realizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), através da Secretaria Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SNGM).

No primeiro dia, durante a abertura, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apresentou as ações do MME para o setor mineral e anunciou um novo programa. “Lançaremos o Programa Mineração para Energia Limpa, que terá, como objetivo, desenvolver a indústria de transformação mineral e fortalecer o conhecimento geológico e a pesquisa mineral. Esse programa terá diretrizes claras: medidas ambientalmente responsáveis e socialmente conscientes serão cruciais”, disse Silveira.

Para Alexandre Silveira, transição energética e mineração andam juntas. “Não existe transição energética sem mineração. E essa mineração precisa avançar ainda mais no processo de mudança. Trabalhamos com os pés firmes no solo do presente para que a mineração seja cada vez mais segura, sustentável e socialmente responsável. No cenário global de descarbonização e transição energética, temos uma grande oportunidade para atrair investimentos no setor mineral brasileiro e destacar nosso papel de liderança global para um mundo mais verde”, enfatizou o ministro.

Na ocasião, Valdir Silveira, diretor de Geologia e Recursos Minerais (DGM) do Serviço Geológico do Brasil (SGB) falou sobre a necessidade de discussão sobre minerais estratégicos e críticos para a transição energética.

“Esse seminário reuniu uma diversidade de participantes, incluindo representantes da indústria, do governo, acadêmicos e pesquisadores, todos unidos para discutir esse tema essencial. Além disso, contamos com a presença de delegados de países-chave nessa cadeia, como China, membros da Comunidade Europeia, além de nações das américas do Sul e do Norte. Juntos, abordaremos a transição energética, dentro de um modelo de economia de baixo carbono, um assunto de vital importância para o futuro sustentável do nosso planeta”, destacou.

No segundo dia, durante o segmento “Produção Brasileira de Minerais Estratégicos para a Transição Energética”, a pesquisadora em geociências e chefe nacional do projeto sobre potencial de grafita, Débora Matos, apresentou a palestra “Produção de Grafite Natural no Brasil: Perspectivas e Desafios”.

Débora explicou o panorama da exploração de grafita mundial, desde a descoberta desse mineral até os dias atuais, como seus usos e o aumento da necessidade mundial, com o advento da bateria de íons lítio (para carros elétricos), que tem previsão de aumentar 24 vezes até 2040.

Além disso, ela também comentou acerca da diminuição da exportação de grafita pela China (por medida protecionista do mercado), o grande potencial para estimular a prospecção de grafita brasileira, a qualidade da grafita brasileira e como aproveitar o cenário mundial. E acrescentou que “no projeto Avaliação do Potencial de Grafita no Brasil, buscamos estudar o mineral e mostrar para o minerador seu grande potencial”.

Na parte da tarde, a pesquisadora em geociências e assessora da DGM Lúcia Travassos apresentou a palestra “Desafios para a Ampliação do Conhecimento Geológico no Brasil” no bloco de “Políticas Públicas e a Expansão da Oferta de Minerais para a Transição Energética”. Lúcia reforçou a importância estratégica do SGB como a principal instituição de Estado na produção de conhecimento geológico no Brasil.

Ela também citou alguns exemplos de planos setoriais e políticas públicas que fornecem diretrizes e caminhos a seguir, a exemplo do Plano Nacional de Mineração 2030 e do Plano Plurianual PPA 2024-2027. “Somos uma instituição de Estado, mas somos impactados por diretrizes e políticas de governo”, enfatizou Lúcia.

No final, a pesquisadora destacou os principais desafios para ampliação do conhecimento geológico no Brasil, que passam pela necessidade de se trabalhar em áreas mais interiores da Amazônia e pela formatação de parcerias estratégicas.

O Seminário teve, como finalidade, estimular o diálogo em torno dos minerais estratégicos e explorar as oportunidades que a transição energética oferece ao Brasil. Além disso, discutiu ações para o desenvolvimento da cadeia de valor das baterias de lítio e a cooperação internacional para fortalecer os setores mineral e energético.

Nos dois dias foram abordadas as oportunidades da transição energética para o setor mineral brasileiro, a fabricação de baterias de lítio no Brasil e a participação da indústria nacional na cadeia de valor das baterias. A programação incluiu, ainda, discussões com participantes dos setores público e privado, incluindo empresas que são líderes no segmento.